segunda-feira, 3 de outubro de 2011

A educação ambiental que queremos...

No cotidiano de nossas vidas passamos uma significativa parte do tempo pensando como será o nosso amanhã. Condicionamo-nos a reproduzir o arcabouço do conhecimento transmitido por gerações passadas, e que certamente influenciam nossa visão de mundo quer seja numa esfera micro ou macro, local ou global, sem imprimir uma reflexão apurada daquilo que ainda pensamos ou julgamos ser a verdade, o melhor para nós e para o outro.

O que nos faz pensar que o planeta onde vivemos - organismo orgânico e inorgânico que é - conseguirá suportar sem de alguma forma reagir às agressões que lhe é deferida? Importante saber até quando o modelo de organização da vida humana hoje dominante, baseado no enriquecimento individual ou de grupos, em detrimento ao bem estar da coletividade deixará de controlar os meios de produção e a reprodução da vida, do conhecimento, das ferramentas que ainda podem proporcionar à sociedade aquilo que é a razão de sua existência, o bem comum.

É aí que a educação ambiental emerge como ferramenta emancipadora e transformadora da vida humana, de sua relação com o meio onde sobrevive e vive. Essa educação deve ser a busca intensa da reflexão multidimensional da vida humana para uma práxis transformadora, ou seja, pensar o homem em todas suas dimensões, sem preterir as partes ao todo ou o todo às partes, levando a óbito a visão unidimensional existente. A visão dominante da única dimensão está incrustada no comportamento humano moderno e permeia a sociedade fundamentando seus discursos. Discursos esses, responsáveis pela degradação ambiental – direta ou indireta – que acompanhou o que os gurus da economia de mercado capitalista chamam de “progresso”, “crescimento”, “desenvolvimento”, etc.

Apesar da práxis de se pensar ambientalmente a vida ser algo de poucas décadas, pelo menos efetivamente, não podemos deixar que a educação, em todas as suas formas, exclua de sua responsabilidade a reflexão e a prática do respeito ao meio ambiente, quer vivamos ou não diretamente nele, principalmente se esse ambiente for natural, pois é dele que retiramos o nosso sustento, ou melhor, é da natureza que vem a sustentabilidade, sem ela nós como espécies não sobreviveríamos, dela vem todo o sustento das economias que nos acostumamos de chamar de desenvolvidas, em desenvolvimento ou emergente e dos países pobres, e ainda, da própria vida.

A educação ambiental que queremos perpassa a mente do homem fazendo-o refletir sobre a sua existência e como essa existência está relacionada ao ambiente em que vive e ao ambiente dos outros seres viventes em sua volta. Mais do que uma educação que nos permita acesso a tecnologia, técnica, riqueza, bem-estar, evolução, progresso, e outras mais construções da mente humana que possa vir a tornar-se concreto, a educação ambiental que queremos é a que nos proporcione outro paradigma, que seja ampla, multidimensional, que nos ensine a construir um novo olhar sobre a natureza e não o olhar dominante da unidimensionalidade que nos faz vê-la simplesmente como mera matéria prima, recurso, produto, mercadoria ou qualquer outro nome que seja dado, que seja parte de nossas vidas, ou melhor, expressão incondicional e irrefutável para uma práxis do equilíbrio da vida no planeta.

(Texto elaborado por Glauber Araújo aluno do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade de Fortaleza – UNIFOR)

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